sábado, 26 de fevereiro de 2011

Todas as coisas boas chegam ao fim

Não sei bem por onde começar essa postagem. Essa indecisão na verdade reflete o meu estado mental neste momento: um turbilhão de sentimentos que não consigo identificar, catalogar ou tirar deles alguma lição.

As pessoas costumam chamar o que eu sinto de reflexão. Mas as reflexões não servem para tirarmos conclusões? Como é possível então que eu esteja refletindo sobre a própria vida, se a cada pensamento me sinto um pouco mais confuso?

"E assim, os Tres Mosqueteiros, se apartam... Se apartam pq foi assim q tinha q ser."

 Na verdade, sempre fui um pouco desajeitado nessa arte de fazer amigos, mesmo virtuais. O número de seguidores desse blog denuncia isso. São apenas três: os três mosqueteiros. Mas sempre preferi a qualidade à quantidade, e me sentia feliz em fazer parte desse trio.

Tudo ia bem, até que o tempo se encarregou de nos afastar.

Será mesmo?

Foi o tempo, ou foram minhas atitudes?

Porque sinto isso acontecendo com várias outras amizades que eu tinha.

Me olhando no espelho, vejo que o tempo e a distância foram sim fatores determinantes. Mudei para uma cidade distante dos meus parentes e dos meus antigos amigos. Trabalho bastante, e não sobra muito tempo livre. Mas essas não são as únicas explicações.

Na verdade, acho que, apesar de ter feito alguns poucos amigos (dos quais felizmente me orgulho muito), ainda não peguei o jeito dessa arte chamada amizade.

Não aprendi ainda que amizade, tal como as flores, precisa ser cuidada e cultivada.

Há alguns meses, uma colega de trabalho me presenteou com um pequeno cacto. E até mesmo esse cacto, que é originário de uma região seca e inóspita, precisa de água e cuidados.

E o que dizer então das amizades, tão mais delicadas que este cacto?

Talvez o problema seja ainda maior que isso. Talvez no fundo eu queira me afastar. Sim, eu fujo das pessoas. Quando estou no ônibus, meu olhar é sempre para fora, em direção à janela. Quando estou em uma sala de aula, observo os livros, a matéria, a aula, mas evito olhar para as pessoas. Viro a cara para não dar bom dia. Faço caminhos alternativos para não encontrar conhecidos. Passo os fins de semana na internet, mas sem contatos com amigos virtuais. Apenas leio o que outras pessoas escrevem no orkut, faço alguns comentários, mas nunca amizades. Os três mosqueteiros foram uma exceção na minha vida virtual.

E, como diz a sabedoria popular, tudo o que vai, volta. E recebo desprezo. Merecido desprezo. Mas que dói e machuca mesmo assim.

 Não digo isso em tom de cobrança, nem rancor. As pessoas dão de volta aquilo que recebem. É um fato da vida. Talvez seja hora de eu encarar meus fantasmas interiores e encarar as pessoas de frente. Sem medo das consequências. Mesmo sabendo que ao aumentar meu círculo de amizades, corro o risco de ver acontecer comigo as experiências ruins que alguns amigos me relatam, chegando ao ponto de dizer que não existe amizade verdadeira nos dias de hoje. Mesmo sabendo que minha ingenuidade não vai me ajudar quando isso acontecer. Mesmo sabendo que vou ter que deixar algo para trás, para permitir que os contatos sociais preencham parte da minha vida oca e vazia.

 Não sei se farei mesmo isso algum dia. Por hora, me despeço dos amigos mosqueteiros. Sim, escrevi um texto em tom de autocrítica sobre não cuidar das amizades, pra no final me despedir de dois grandes amigos virtuais. Eu disse que minha alma estava confusa essa noite.

Todas as coisas boas chegam ao fim. Essa é a lei da vida. Nada é eterno, nem mesmo o amor (muitas vezes esse é o mais efêmero dos sentimentos). Nem nós mesmos. Até mesmo ao longo da vida, se pararmos para pensar, somos tão diferentes de ontem, e ao mesmo tempo tão iguais.

A única coisa que guardamos da vida são as boas lembranças. E nas minhas lembranças, sempre haverá um fantasma, uma jujuba e um anjo caído. Cada um seguirá seu rumo, mas guardará dentro de si um pouquinho desse aprendizado, dessa amizade que o vento espalhou, como folhas secas no outono, a cairem sobre a terra, e servirem de alimento para germinar novas amizades e novas lembranças.

Não sei se deixo-lhes um adeus, ou um até breve. Pelos ultimos contatos que tive com vocês, sinto como se fosse um adeus. Sinto que não há mais no ar aquela mágica, aquela amizade simples e despretensiosa. Há marcas e cicatrizes e por mais que vocês sejam educados comigo, percebo que acabou. O penado morreu esta noite (apesar de ele já estar morto...).

“Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam”. Mateus 7.12. 

Um forte abraço, e que Deus ilumine seus caminhos.